Compartilho com vocês um relato muito bonito e importante que a Ana Pura nos deu em nossa lista de emails sobre o sagrado feminino. Sugiro a todas que leiam e aprendam mais um pouco, e quem quiser participar da lista, o nosso endereço, por favor me mande um email pessoal em dalua@aterraviva.com, se apresentando brevemente.
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Acompanho alguns tópicos e questões pela lista de e-mails e li que houve uma pequena confusão entre diu e diafragma.
Gente, eu uso diafragma como método contraceptivo há 3 anos (antes até de usar o mooncup). A ideia nem partiu de mim, foi sugestão de uma tia minha que é ginecologista e homeopata. Antes dela eu também nunca tinha visto um diafragma, só lembrava vagamente nas aulas de educação sexual na escola ou nas de biologia sobre órgãos reprodutores. Quando fui me consultar com ela eu estava decidida a largar a pílula anticoncepcional que há um ano tomava por recomendação de outro ginecologista para atuar no meu ciclo menstrual irregular. Eu passei 3 meses tomando Diane (que me fez engordar 5 quilos em apenas 40 dias) e depois passei mais 8 meses tomando Yasmin (que manteve meus 5 quilos inalterados e ainda me causava dor de cabeça e mudanças bruscas de humor, além de forte TPM, coisa que nunca tive de modo acentuado).
Fui ao consultório da minha tia com a ideia de retomar o tratamento do ciclo irregular com homeopatia e usar DIU como método contraceptivo, já que possuía parceiro fixo. Acho que a maioria de vocês devem ter conversado e já sabe das contra-indicações de tal método, ainda mais em mulheres que nunca engravidaram ou que possuem o útero pequeno (não patologicamente pequeno, apenas de tamanho mais reduzido, como é o meu caso). Daí ela me apresentou o diafragma e falou que é um dos métodos contraceptivos mais usados na Europa, mas muito pouco conhecido pela mulher brasileira. Minha tia acha que as europeias devem ter cansado de se entupir de hormônios e buscado algo eficaz de modo mais natural. Quando ela me explicou o procedimento do diafragma confesso que torci um pouco o nariz, mas diante da minha falta de opção e trauma de usar qualquer tipo de anticoncepcional (seja pílula, anel, adesivo), topei experimentar.
O Diafragma é feito de um círculo, um aro de ferro maleável revestido de silicone formando como se fosse um prato emborcado pra baixo. Essa parte que faz uma curvinha se encaixa perfeitamente na entrada do útero. Você sente que ta encaixado ou mal colocado, é que nem sentir o mooncup, mas ele fica bem mais pra dentro, revestindo a parede do útero. Pode introduzi-lo minutos ou horas antes da relação sexual e teve retirá-lo apenas 8 a 9 horas depois, que corresponde ao tempo de vida do espermatozoide dentro do canal vaginal. Caso role de transar novamente entre esse intervalo, vai somando mais 8 e assim vai. Mas dificilmente ultrapassa 18 horas, rola um intervalinho, nem que seja pra tirar, lavar e por de novo. Para quem quiser se sentir mais segura, especialmente nos períodos férteis, existe o espermicida (no Brasil quem comercializa é a PRESERV), que é uma pomada com a mesma consistência e aspecto do KY, a qual deve ser aplicada e espalhada no diafragma no máximo até 2 horas antes de transar (eu só uso ele de vez em quando, em contato com o líquido vaginal ele muda de consistência, de gel pastoso vira gel meio que em flocos branquinhos, além de deixar gosto estranho– recomendo sexo oral antes de por ele). O procedimento ao término é o mesmo. Para retirar o diafragma é só fazer movimentos semelhantes ao feitos com o mooncup para expelir e com o auxílio dos dedos. Eu sempre uso o indicador e o do meio fazendo um V com eles para auxiliar como se fosse uma pinça, é bem sussa.
Não incomoda nem um pouco, eu não sinto a menor diferença no sexo, meu namorado também não sente o diafragma. Teve uma fez que eu até esqueci ele quase por dois dias em mim, só na hora de usar de novo que lembrei:-), tem que ficar esperta porque se não esquece mesmo. Ele me custou, em 2007, 60 reais. Sei que tem em Sampa de 70 a 100. Ele dura muito, o meu tá super bom ainda, e olha que não é por falta de uso (rsrs…). Na higienização, mesmo esquema que o mooncup: lavar com sabão neutro, eu uso o de coco, mas pode ser também aqueles sabonetes íntimos, além de uma fervida de vez em quando. No Brasil a marca que o vende chama Femina ou Semina, algo assim. Gente, pra quem tem parceiro fixo, recomendo muito, o diafragma mudou minha vida! Por minha recomendação uma mulher mais velha (por volta dos 40), da academia que eu ia, passou a usar. Ela também não aguentava mais anticoncepcional e compartilhava das mesmas queixas que eu. Sempre que a gente se vê ela sempre comenta como está mais feliz com o diafragma e me agradece;-)!
Falando assim até parece bem trampo, por, calcular as horas, tirar limpar. Mas sinceramente, é muito tranquilo. Ainda mais depois que vc pega o jeito, é rapidinho colocar, rsrs… E pra quem já é acostumada com o mooncup, fica facinho de adaptar. No meu caso foi fácil me adaptar ao esquema mooncup por conta da experiência com o diafragma. Inclusive eu o uso como copo coletor no final da menstruação, sabe, quando tem pouquinho, ele segura a onda que é uma beleza! E também de deixa mais a vontade para transar durante a menstruação! Resumindo, Diafragma é do bem (é até bonitinho, rosinha, hehe)!
Enfim, meninas, esse foi um relato sobre minha experiência com o diafragma, onde tentei ser mais o breve possível. Dúvidas, comentários, perguntas, etc, estou aberta e disponível para a discussão!
Beijos,
Ana Pura
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Queridas, a Nina também deixou um depoimento interessante sobre o uso do diafragma:
Li esse depoimento sobre o diafragma e resolvi deixar aqui o meu.
Aos 20 anos comecei a tomar pípulas, naquele tempo, uma de baixa dosagem q se chamava Microvlar, ou algo assim. Uns 3 ou 4 meses depois comeci a ter muita dor de cabeça (naquele tempo eu não tinha nada, nadinha, de mal estar!) e tive uma hemorragia de mais de 20 dias. Minha ginecologista (a mesma por 42 anos, – grande médica!) estava viajando e quem me atendeu foi o marido dela, obstetra também. Ele mandou-me parar com o anticoncepcional imeditamente e, depois que eu disse q gostaria de usar o diu, ele começou a me explicar os vários tipos do dispositivo. Após a escolha do tipo, coloquei o diu e, alguns dias depois, tive hemorragia de novo…
Bom, agora só me restava experimentar o diafragma, q não foi a minha primeira opção porque ele não tem a mesma segurança de quase 100% dos 2 outros métodos.
Foi uma revelação para mim! Como era prático e saudável! O médico, aquele mesmo, marido de minha médica, q ainda estava de férias, me disse q eu poderia ficar com ele mais de 8 horas, se necessário. Eu perguntei: “quanto tempo, um dia inteiro?” “Sim, pode, até mais.” “Quanto mais, 2 dias?” ” Pode, mas não deixa passar de 3 dias pra tirar, lavar e recolocar.”
(Eu já estava preocupada com alguma maratona q pudesse acontecer…)
Bem, com essa resposta, eu assumi pra mim mesma que, transando ou não transando, eu passaria a usar o diafragma constantemente, pois eu não sabia a q horas poderia ocorrer uma necessidade. E eu detesto 2 coisas: programar sexo, ou estar despreparada para o sexo.
Assim, desde então, passei a usar o diafragma diariamente, retirando de 3 em 3 dias pra lavar, passar o gel espermicida (q era importado), e colocá-lo de novo. Depois de colocado, eu conferia com o dedo médio se o colo do útero estava atrás do diafragma, para me certificar q ele estava no lugar.
O gel era para dar uma aumentada na eficácia do método anticoncepcional, já que eu não queria filhos de maneira alguma, pois meu ex-marido não queria prole. Meu ciclo era regular e muito comprido, de 32 a 34 dias, e eu só deixava de usar o diafragma quando eu estava pra menstruar, e então ficava uns 10 dias sem, porque minha menstruação era muito longa. Nesse período, o diafragma ficava guardado em sua caixinha, depois de lavado, seco e polvilhado com talco.
O uso do diafragma é muito higiênico e, mesmo eu tirando-o de 3 em 3 dias, ele saia cheirosinho de dentro de minha vagina, pois o nosso útero é muito limpinho. Nele não entra nada (bem, só esperma…), nem uma bacteriazinha, portanto, não dá cheiro. Caso eu tivesse passado gel anterormente, saía um pouquinho desse gel meio coaguladinho, mas limpo. Sabe o cheiro q tem? De bico de borracha de neném novinho, com aquele cheirinho de boca limpinha!… Até parece q o meu diafragma era de borracha mesmo, e não de silicone com os de hoje, que li no depoimento da Ana. Era bege como a borracha dos bicos antigos.
Para retirar o diafragma, eu tinha um jeito diferente da Ana: eu enfiava o dedo médio entre ele e o osso que temos no púbis, virava a mão, e o puxava usando o dedo como gancho.
Num certo período, foi proibida a importação desse gel, com a alegação careta e idiota de que ele era “abortivo”! Passei a usar, receitada por minha médica, uma pomada espermicida manipulada pela Drogaria Araújo, q era vendida como “lubrificante” ou “antisséptica”, sei lá, nem me lembro…
E também aprendi com ela a usar vinagre na higiene íntima como método espermicida, remédio antigo que minha avó me ensinou para evitar fungos, coceiras, infecções e outras coisas… Aliás, até hoje eu mantenho um frasquinho com vinagre de maçã dentro do box, e ensino pra muitas mulheres esse macetinho…
Fotos do diafragma
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O DIU
Aproveito para postar também um fragmento de uma discussão, na nossa lista de emails, sobre o DIU, um outro método contraceptivo, muito diferente do diafragma.
O texto abaixo foi escrito por Telma Caldeira, farmacêutica. Trata-se apenas um comentário, e não um texto extenso, mas achei importante colocar, pois pouca gente discute os possíveis efeitos do uso do DIU. Em breve podemos acrescentar a esse texto novas informações.
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O uso do DIU não é indicado para aquelas que possuem ciclos irregulares, pois ele altera o ciclo e o fluxo. Além disso, a depender do tamanho do útero (trompas e tudo mais) pode sim causar problemas de fertilidade. Por isso sequer eu penso em usá-lo, até porque os tamanhos desses DIUs são mais ou menos padrões e talvez não sejam o “meu número”.
DIUs mal colocados podem levar a cólicas e dores abdominais e se aquele que foi colocado em você libera algum tipo de hormônio, ele pode influenciar no seu humor.
Telma Caldeira, farmacêutica.